terça-feira, 9 de setembro de 2008

TRÊS GRANDES BEIRÕES EM PERNAMBUCO

A Cultura Brasileira, com relevo para Pernambuco, devem muito a três Ilustres Beirões: Brás Garcia Mascarenhas, D; Mathias de Figueiredo e Melo e Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro – o primeiro nascido em Avô, o segundo em Arganil e o terceiro em Nogueira do Cravo.

Brás Garcia Mascarenhas foi um grande batalhador pela unidade brasileira. além de guerreiro no período da Restauração Portuguesa após o 1º de Dezembro de 1640 e, sobretudo, o notável poeta épico do Viriato Trágico, em 20 cantos, que aborda
vários aspectos da História de Portugal e do Brasil, com base no qual publicámos o
pequieno volume O Brasil do século XVII no poema “Viriato Trágico” de Brás Garcia Mascarenhas (1).

Nascido em 3 de Fevereiro de 1596, morreu na vila natal em 6 de Agosto de
1556. De origem fidalga, envolveu-se certo doa numa briga, em Coimbra, foi preso, mas fugiu da cadeia, e depois exilou-se, naufragou ao voltar a Portugal, e, com nome
falso, embarcou para o Brasil, onde viveu 9 anos, combatendo contra os invasores holandeses, até regressar a Portugal, a fim de lutar contra os opressores castelhanos. Teve uma vida aventurosa, mas serviu a Pátria e as Letras. Diz-se que escreveu mais dois livros – Ausências Brasílicos e Poemas Sacro, além de peças teatrais que teriam sido representadas em Avô, mas os manuscritos desapareceram, talvez surripiados, conforme ocorreu com o Viriato Trágico, que chegou a ser publicado em boa parte por um plagiador.

Diversas estâncias da obra maior referem-se ao Brasil e numa delas escreveu o poeta Brás Garcia:

Apesar de tormentas, calmarias,
Corsários, E aflições de sangue, E morte,
Entrei pela Rainha das Bahias.
Celebrado, teatro de Mavorte,
Desta cidade ilustre em bizarias,
Da nova Lusitânia, nova corte,
Julguei, que era o Brasil jardim sem muro
Tesouro rico porém mal seguro.

O livro foi editado somente em 1699, “37 anos depois da sua morte”, segundo o prefaciados Bento Madeyra de Castro e faz a história da guerra contra os estrangeiros da Holanda e noutra passagem diz:

Na Olinda parei, tendo a de Olinda
Por maior, por melhor, & por mais linda

onde ele e outros combatera:
Como trovão com raio
Rompe a guerra estragando de repente
A cabeça do Estado hum mês de Maio

perturbando toda a gente “branca, negra, gentia, moça & velha”.

Deixamos o testemunho poético em paz e referimos agora a evocação em prosa de Bernardino Freire de Figueiredo Abreu e Castro, parente da Família Freire de Figueiredo, que de São Gião se instalou e irradiou pela Beira-Serra, a partir do Pisão
de Coja. O fidalgo Bernardino (de Nogueira do Cravo, município de Oliveira do Hospital) mereceu uma excelente biografia do Padre José Vicente (2) e o seu livro Nossa Senhora dos Guarapes foi o primeiro “romance histórico , descriptivo,
moral e critico de Pernambuco”em 1847, e reeditado – em reprodução facsimilar - , em 1980, com prefácio de José Antonio Gonsalves de Mello (3).

Escreve o prefaciador que Bernardino de Abreu e Castro, autor do primeiro
romance pernambucano, “é digno de ser reconhecido e reeditado não somente por sua primazia, como, sendo sobretudo de carácter descritivo, pelos elementos que nos tranmite acerca da terra , da sua gente, dos seus costumes e dos seus monumentos”, com relevo para os de Olinda. “Era nos fins do ano de 1846” = assim começa a história de Nossa Senhora dos Guararapes, que envolve não somente persomagems e aspectos pernambucano mas também a batalha que derrotou as pretensões holandesas ao território brasileiro.

Deverá ainda acrescentar-se que este beirão ilustre foi autor de uma História
Geral (em 6 volumes) e de outros livros didáticos e que foi professor muito competente. Recorda o historiador José Antonio Gonsalves de Mello que o Beir]apde Nogueira do Cravo chefiou um grupo de portugueses e brasileiros que 180 portugueses e brasileiros decidiram emigrar para Angola, em 185º, e ali fundaram a actual cidade de Moçamedes.

Quanto a D. Mathias de Figueiredo e Mello foi nomeado Bispo de Olinda e Recife ainda muito jovem, tendo sido designado Governador interino da Província de Pernambuco, devido à morte do titular. Nasceu no território beirão de Arganil,
em 24 de Fevereiro de 1650 e morreu em Olinda aos 17 de Julho de 1694. O Povo chamava-lhe “Bispo Santo” e dele falaremos mais demoradamente, a-propósito dos incidentes referidos na carta que o Padre Antonio Vieira, então Visitador da Companhia de Jesus no Brasil, enviou em 12 de Abril de 1689 ao Bispo-Governador, D. Mathias.