quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Cultura Luso-Brasileira: Os dois principais focos do Instituto Histórico de São Paulo


Fundado em 1894, o Instituto Histórico e Geográfico é uma das principais instituições culturais Bandeirantes, cujas atividades destacam a promoção do patrimônio histórico, artístico, cultural e urbano-ambientais, assim como a preservação de tradições, valores cívicos e morais da Cidade e do Estado de São Paulo.

Desde os últimos anos do século XIX até hoje, a ação do Instituto é cumprida através de congressos, cursos, seminários, conferências, exposições e outros eventos ligados ao estudo da História e da Geografia, incluindo naturalmente a Literatura. além de distinguir os pesquisadores e autores que têm contribuído para o desenvolvimento científico e técnico do Brasil e de Portugal.

Inúmeros intelectuais portugueses têm dado a sua contribuição ao Instituto e foram ou estão ligados às manifestações históricas e culturais da entidade (o subscritor desta nota breve, por exemplo, é sócio honorário do IHGSP e o seu patrono é o escritor João de Barros, que fundou e dirigiu com João do Rio a revista Atlântida, cujo espírito foi a aproximação de Portugal e Brasil). Quer dizer, o contato dos intelectuais portugueses com o Instituto merece ser cada vez mais freqüente.

Preside ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo a historiadora Nelly Martins Ferreira Candeias, professora da Universidade de São Paulo e defensora dos valores culturais luso-brasileiras, pois, além das suas raízes portuguesas, é casada com o professor José Alberto Neves Candeias, que nasceu em Portugal e é também professor titular do Instituto de Ciências Biomédicas da USP. Formada em Ciências Sociais, a professora Nelly Candeias fez cursos complementares nos Estados Unidos e na Inglaterra, tendo vários estudos publicados em revistas especializadas do Brasil e de outros países.

Foi a primeira mulher eleita para a presidência do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo e está agora no seu terceiro mandato (de 2009 a 2012). Tem intensificado e atualizado as manifestações da instituição cultural paulista, que dá apoio a outros centros culturais e científicos e, entre as suas metas imediatas, assinala-se o estreitamento dos laços e a cooperação efetiva com a Comunidade Luso-Brasileira, pois considera que os 8 países de idioma português exigem um lugar de maior projeção no Mundo. Declara-se luso-brasileira, pois está ligada pelo coração e pelas raízes culturais ao Brasil e a Portugal (seu Pai foi um dos fundadores, em 1920, do Clube Português de São Paulo) e conclui o seu depoimento: “Lembrando as palavras de Fernando Pessoa (“Minha Pátria é a Língua Portuguesa”), prestigiaremos, na prática, não somente a nossa cidade (que é a maior do nosso mundo idiomático), mas também a nossa Comunidade (somos quase 250 milhões de pessoa, nos 8 países). Chegou a nossa vez – e o Mundo tem de ouvir a nossa voz lusíada!”

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

DIÁLOGO COM OS LEITORES

Nos últimos meses, foi irregular nossa colaboração, pois estivemos em Portugal, onde convidamos uma série de escritores e professores a colaborar no nosso Blog da revista “Lusofonia”, mas retomamos agora a nossa participação, começando por agradecer, aqueles que nos contataram e pedindo-lhes que continuem a honrar-nos com a sua colaboração. As nossas respostas serão resumidas e oportunamente faremos comentários mais esclarecedores, sempre que os julgarmos necessários.

Rita Tavares (São Paulo): Só agora pude ler a sua mensagem de 15 de outubro, pois estive 3 meses em Portugal. Tenho um outro texto de sua autoria e pretendo editá-lo logo que possível. Já telefonei para sua casa e deixei recado para que você me contate, pois gostaria que discutíssemos certos projetos que poderemos realizar em comum. Recebeu o meu livro Fernando Pessoa, Salazar e o Estado Novo? Aguardo o seu telefonema.

Dr Antônio Rosa (Lisboa): Fiquei muito sensibilizado com a sua mensagem de 18 de outubro passado e já sabia do êxito da exposição “10 Juristas Pampilhosenses: cronobiografias e objetos”. Agradeço todo o apoio que puder proporcionar-nos (a mim e ao professor Nuno Mata), acerca do projeto em curso de homenagem a Monsenhor A. Nunes Pereira o grande intelectual e artista da nossa Beira Serra. Estou preparando um artigo sobre os artistas plásticos da região, incluindo o pintor e dinamizador cultural Guilherme Felipe, além de muitos outros artistas que tanto honraram Portugal e estão ficando esquecidos.

Cyro de Mattos (Bahia): Fiquei muito feliz com o seu reencontro carta de 17 de outubro e com a notícia de que um de seus livros foi publicado na Alemanha quando puder mande-nos mais notícias sobre os seus trabalhos, pois os publicaremos com muita honra e satisfação.

Jornalista Fernanda Leitão (Canadá): Fiquei muito sensibilizado com o artigo “São Nuno de Santa Maria”, de José Campos de Souza, de quem me considero admirador e amigo, embora não o conheça pessoalmente. Mas comungo com os seus ideais de portugalidade, que você, Fernanda Leitão, tanto tem prestigiado no Canadá. Vá mandando colaboração para os nossos blogs e nós usaremos os seus textos sempre que eles se adaptem ao nosso espaço.

Escritora Isabel Gouveia (Caldas da Rainha - Portugal): Muito grato pelos dois artigos que me enviou: “O Mito da Liberdade de Expressão”, sairá no Blog de Novembro da revista “Lusofonia” e o outro texto deverá ser divulgado na edição de dezembro.

A sua colaboração muito nos honra, pois a Isabel Gouveia merece um lugar de destaque na Literatura Portuguesa Contemporânea.

Vá dando sempre notícias e artigos!

Dona Mafalda Ferro (Lisboa): Agradeço muito a sua mensagem de 02 de novembro, assim como as duas fotografias da viagem de seu Pai, o grande escritor Antônio Quadros, quando esteve em São Paulo.

Vou fazer o texto que me solicitou sobre os contatos que durante anos mantive com o seu Pai, de quem guardo a maior admiração literária e as melhores lembranças.

Pedro Miguel Almeida (São Paulo): Creio que o meio mais fácil de obter a cópia do meu artigo sobre o Capitão Henrique Galvão, em O Estado de S. Paulo, será obtê-la no arquivo do jornal, pois neste momento não consigo encontrar nenhuma. E agradeço muito o seu interesse pelo Cap. Galvão, de quem fui amigo no "Estado”.

O nosso Blog fica aberto a sua colaboração sobre quaisquer temas sobre os oito países de Língua Portuguesa.

Edmundo F. Corrêa (São Paulo?): Não tenho condições de interferir no jornal que você cita, mas poderá, se assim o quiser, enviar-nos um texto seu com cerca de 20 linhas, assinado e explicando o projeto da “Marcha Mundial pela Paz e pela Não Violência” iniciativa da organização internacional do “Mundo Sem Guerras”.

Adelto Gonçalves (de Marília?): Agradeço a colaboração que nos tem enviado e deveremos divulgar o artigo que escreveu sobre o professor e escritor Leodegário, a quem as Culturas Portuguesa e Brasileira tanto devem.

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Peço desculpa aos leitores amigos pela brevidade das minhas respostas, mas, não queria deixar de acusar o recebimento das mensagens que tão gentilmente me enviaram. A todos muito obrigado.

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Em tempo, responderei aos amigos e leitores que me contataram e, agradeço as comunicações de Beatriz Alcântara, Clarisse Barata Sanches (de Góis), Prof. J. Chris Christello (Santa Catarina?), Carlos Henrique Machado de Freitas (sobre “Cultura e Mercado”), Maria Clélia Lima Hernandes (sobre a Língua Portuguesa), William Lemos da Silva (revista “Comunidades de Língua Portuguesa”), Afonso Alves Francisco (em Brasília), Lina Alves Madeira (Montemor-o-Velho) e outros amigos.

Até breve!

João Alves das Neves

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Carta do Brasil: LULA DIZ QUE A CRISE ESTÁ QUASE DOMINADA

O ministro da Fazenda do Brasil, Guido Mantega, anunciou há dias em São Paulo que a economia brasileira poderá crescer 6 a 6,5% nos anos de 2010 a 2016 – o que é uma boa notícia, se as previsões forem confirmadas.

Entretanto, nas suas freqüentes andanças pelo mundo, o Presidente Lula considera que a crise econômico-financeira está a ser superada pelo seu País e que tudo indica um desenvolvimento positivo cada vez mais firme. Baseiam-se, em boa parte nas reações positivas dos seus principais interlocutores, com relevo para os laudatórios presidentes dos Estados Unidos e da França, embora seja evidente que os elogios não resolvem os problemas, por mais agradáveis que possam ser.

O outro lado do problema é que a produção brasileira tem avançado sem parar – isto é, enquanto não chegou à crise global que abaloou o mundo inteiro. Mas até neste domínio as dificuldades estão as decrescer, embora os seus grandes parceiros comerciais condicionem as suas compras: os Estados Unidos, por exemplo.. são cada vez mais protecionistas e discutem o aumento dos tributos sobre as suas importações - o que poderia traduzir-se, em relação ao Brasil. Por uma redução de cerca de US$ 5 bilhões por ano, perda que talvez se acentue ainda mais se a União Européia diminuir também as suas compras.

É certo que somente nalguns sectores o Brasil poderá ombrear com a indústria dos países mais desenvolvidos. Mas a compensação é que o país se tem destacado, sobretudo, nas exportações de gêneros alimentícios, assumindo uma situação relevante, na medida em que passou a ser um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, conforme documentam as vendas de soja, carne, frutas, etc. E garante uma boa qualidade e preços acessíveis.

Na verdade, o Brasil passou a ser nos últimos anos credor – a sua balança comercial de 2008 somou a exportação de US$137.470 milhões, enquanto as importações foram de apenas US$95.885 milhões. Um saldo confortável para qualquer país em fase de desenvolvimento. E é claro que a queda do dólar tem contribuído para melhorar o consumo interno dos remediados e pobres, mas desanimou os exportadores, porque estes, vendendo mais, estão a receber (quantitativamente) menos moeda estrangeira...

Aliás, o crescimento das exportações também se explica pela estabilidade econômica do Brasil. E o que os atuais governantes não confessam explicitamente que a estabilização foi possível porque o advento da nova moeda garantiu não só o Real, mas também acabou na prática com a inflação. O papel relevante do governo do Presidente Lula foi continuar a política anti-inflacionária e, por conseguinte, fortalecer a moeda nacional, estabilizando os preços e incentivando as exportações. E com esta política o Brasil está vencendo a crise internacional!

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cartas de Lisboa: LEITURAS DE FÉRIAS

Entre os livros que tivemos a oportunidade de ler ou pelo menos consulsar durante as últimas férias em Portugal, devemos salientar os que mais nos despertaram a atenção, embora sem espírito crítico, ainda que possamos fazê-lo mais tarde. Aliás, não há críticos literários, como antigamente...

Por agora, limitamo-nos a alguns comentários breves, pois os jornais diário, salvo raras excepções, não vão muito além das notas simples dos editores, que resumem os livros, bem pouco adiantando sobre as obras, a não ser quando se trata do nobelizado Saramago onpsu de um ou outro amigo. É certo que se perderam anos demais com os cortes parciais ou totais dos censores que nada tinham a ver com o que acontecia em Portugal e no Mundo.

É verdade que se multiplicaram os caminhos de acesso: podemos comprar sem medo qualquer jornal ou livro e ninguém nos o acesso a outras vias, nomeadamente através da Internet, apesar das falsidades que transmite sem interrupção. Mas que fazer senão aceitar o novo mundo em rodagem - até onde e até quando? Pois temos de o enfrentar, com os seus milhões de erros, porque tudo vale a pena se a alma não é pequena.

E por aí começamos, abrindo a Fotobiografia de Fernando Pessoa, desta vez com os olhos de Richard Zenith, um pessoano já confirmado em livros anteriores (a primeira Fotobiografia foi de Maria Jo sé de Lancastre, cujo pioneirismo resiste aos anos, desde 1981 e que continua ser exemplar). O norte-americano Zenith percorreu outras rotas, tentando redefinir o Homem e o seu intimismo com Lisboa (“seu lar”), o tropicalismo que descobriu em Durban e as reacções que o contrariaram em Portugal, o vivenciador do Modernismo, com os seus companheiros orfeicos, o caminhante das ruas alfacinhas, o espírito lusíada da visão imperial, o Desassossego dos poetas sonhadores e a entrada na Eternidade de onde nunca mais sairá.

Assim o confirma a Mensagem relida há meses por José Sinde Filipe e musicada por Laurent Filipe ou a outra “mensagem à beira-mágoa”, revisitada (mais do que uma segunda vez?) por José Campos e Sousa. Assim, tudo vale a pena, sem as provocações confusas e culturalmente falsas dos “marketistas” que se fazem passar por génios da Literatura. De resto, Lisboa e seus mais longínquos arredores estão cheios dos copiadores da poesia, da política.

Menos do que seria necessário, as livrarias apresentam vários estudos sérios em torno daquele que foi – é e será – “o Imperador da Língua Portuguesa” e eles voltaremos quando acabarmos de ler O Santo Condestável D. Nuno Álvares Pereira (da autoria de José Carvalho), e da Vida e Obra de Dom Nuno Álvares Pereira (da escritora inglesa G. Leslie Baker). Entretanto, o grande herói de Portugal, que tanto interesse despertou ao historiador Oliveira Martins), merece a atenção dos nossos ensaístas contemporâneos.

Ê claro que outros livros de História, Artes e Letras Portuguesas foram editados recentemente e exigem a nossa atenção – e alguns deles mencionaremos, quando for possível. Entretanto, procurámos com insistência obras dos autores da Província (com relevo para a Beira-Serra), mas não pudemos ir muito além do Livro Comemorativo do 75º. Aniversário da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários Argus (de A.C. Quaresma Ventura e de Regina Anacleto). Não obstante, há um registro significativo que desde já se impõe - o da excelente monografia sobre Tabua / História, Arte e Memória, de Marco Daniel Duarte, editado pela Câmara Municipal de Tábua, com 657 págs. 2009 e boa apresentação gráfica. Por isso, voltaremos ao tema.

(*) Os últimos livros de João Alvas das Neves foram o Dicionário de Autores da Beira-Serr (Ed. Dinalivro, Lisboa, 2008) e Fernando Pessoa, Salazar e o Estado Novo (ed. Fabricando Idéias, S]ao Paulo. 2009)